terça-feira, 16 de junho de 2009

HOMILIA 13/06/09

Marcos nos propõe a parábola da semente que cresce devagar. A mensagem é clara: não é o ser humano que produz o Reino, mas o próprio poder de Deus, invisível e escondido como a vida na semente.
Há uma luta entre o mal e o bem. O mal traz em si mesmo seu veneno de morte, o bem tem sua própria vida e cresce por si. O Espírito dado por Jesus geme em nós, quer dizer está conosco, que fazemos força para que algo novo aconteça. Estamos percorrendo o duro caminho da cruz e temos que fazer força como a mulher em trabalho de parto.
Hoje quero falar da paz e da alegria, que vem do Espírito que quer a vida , vida para todos e vida boa ,farta, com comida, saúde, cultura, fé, paz, alegria e liberdade.
Aí vem à nossa mente a questão carcerária.
Por que?
Primeiro, porque não é próprio do homem e da mulher estarem presos.
Segundo, O sistema prisional brasileiro é injusto. A justiça humana tem dois pesos e duas medidas. Os ricos e os pobres cometem ações criminosas. Pobre infrator vai para a cadeia. Se um rico é preso, logo é solto e ri do Estado, que é marionete do poder econômico. O Sr.Dantas ri porque as opções da cooperação contra o terrorismo da fome, contra o terrorismo da corrupção, contra o terrorismo da concentração de renda são remotas. Ele e tantos outros riem porque a farra dos privilégios sustentados por leis injustas continua. Riem atoa, porque a preocupação pela sobrevivência osfusca a luta contra a corrupção e o poder oligárquico. Os pobres são presos. Os tubarões do tráfico estão soltos e para mostrar serviço, a polícia prende as sardinhas. Para vocês terem uma idéia, o Fernandinho Beira Mar é uma sardinha, comparado com os grandes traficantes. A sociedade brasileira é tão corrupta e perversa que o agro negócio e o tráfico de drogas estão de mãos dadas. As drogas são transportadas pelos barcos do agro-negócio. Isto é tabu, mas está escrito. Confiram isto no livro “Questão Amazônica” do varginhense Dr.Argemiro Procópio.É a farra dos privilégios sustentados por leis injustas.
Com o partido dos trabalhadores no poder se comprovou que pouca ou nenhuma diferença faz a substituição das elites, algumas nascidas no latifúndio improfícuo e outras na indutiva aristocracia operária sindical. Em ambas reina a tradição cultural pela invisibilidade dos excluídos.
Quo vadis Brasília?
Vejo a indiferença com as injustiças.
Desenvolvimento integral e segurança humana não combina com democracia assentada na exclusão social.
A contravenção atinge os três poderes: legislam em causa própria. Eles se permitem o luxo de usufruir direitos adquiridos
Os privilégios das pseudo- elites arruínam os esforços internos a favor do desenvolvimento. A alienação ampara as desigualdades.
Vê-se as injustiças como banalidades do quotidiano. Governos apenas verbalmente solidários com o povo.
Convive-se com a exclusão, as elites com as rédeas do Estado, sejam elas empresariais, sejam sindicais, vivendo privilégios.
A moral e a ética da governabilidade democráticas atrelam-se umbilicalmente á rapinagem das camadas populares (deputados e senadores legalmente dispõem de dezenas de assessores e de contracheques tão polpudos quanto os existentes na magistratura. Embaixadores recebem salários e mordomias que somados, ultrapassam o ganho de duas centenas de miseráveis cidadãos com salário mínimo. Um procurador da Republica ganha R$ 21.500,00 enquanto o salário mínimo está em R$ 465,00.
Esta situação advém da imoralidade do pacto das elites de mexer em tudo, para que tudo fique como está.
Graças ao crime dourado, multiplicam-se as brutais diferenças entre ricos alimentados em privilégios e os miseráveis ludibriados por um sistema competente para sangrar as chagas das desigualdades (Michel Foucauld.Vigiar e punir, 23ª.Edição. Petrópolis. Vozes. 2000).

Enquanto isto, e em conseqüência disto, as famílias não gostam de visitar os seus parentes presos na cadeia de Varginha. Por sua vez, os presos não se sentem bem em esperar a visita dos familiares por causa dos constrangimentos a que estes estão submetidos.

Varginha precisa acordar. Não pode mais comportar-se como cidade pequena. Os problemas são de cidade grande. Varrer os problemas debaixo do tapete é suicídio. A Comissão dos Direitos Humanos precisa urgentemente se aproximar dos pobres, dos presos, dos excluídos. Idem os três poderes republicanos da cidade:legislativo, executivo e judiciário.
A igreja Católica não pode deixar cair no chão a CF-2009 A Paz nasce da Justiça.
O presídio é a paróquia com mais problemas e mais necessidades da diocese, é uma macro-paróquia. Estima-se que uma prisão de duzentos presos equivale a uma paróquia de 15 mil paroquianos. Trata-se de uma paróquia composta integralmente de marginalizados, dos mais pobres, dos que passam fome, dos que clamam por justiça, dos que choram, dos que são perseguidos; uma paróquia com mil problemas. A Pastoral Carcerária realiza uma missão em nome da Igreja Universal, da Igreja Diocesana e da Igreja Local.
A evangelização na prisão, o serviço aos presos com tudo o que isto representa, é um ministério eclesial, que encontra raízes no Povo de Deus do AT e que se desenvolve na Igreja nascente como um postulado fundamental do Evangelho. É um serviço que pertence à essencialidade da Igreja, que se vem realizando de uma forma estável e continuada por membros da Igreja enviados oficialmente para essa missão. É uma ação parcial do ministério único de Jesus Cristo, o servo de todos, o “diácono” perfeito, ministro do Pai e dos seres humanos e, de forma especial, dos pobres, dos oprimidos e dos presos (Lc 4,18-19). A primeira comunidade cristã de Jerusalém, sob a assistência e ação do ES, pôs em marcha este ministério: Pedro está preso e toda a comunidade ora por ele, sentindo-se encarcerada com ele(At 12,5); esta deve ser a atitude da Igreja, atender às palavras de Cristo (Mt 25,36). /Disso se deduz que desempenhar este ministério carcerário é um direito e um dever da comunidade. Assim o entendeu e praticou a Igreja através da história. Os que exercem este ministério o fazem comunitariamente, em nome de Cristo, em nome da comunidade eclesial e como enviados pelo bispo diocesano. Ninguém anda por livre iniciativa e menos ainda como franco-atirador.

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