domingo, 24 de abril de 2011

Nos Túmulos esqueciddos jazem milhares de brasileiros

Gemendo as dores do parto, não da esperança de uma vida nova, mas a agonia da morte por abandono.

  Meus amigos e amigas, agentes de Pastoral Carcerária,

Vivemos o encontro constante com a população aprisionada que jaz, além do abandono do Estado e da sociedade, o abandono da família: por situação financeira, por motivo da distância ou por conflitos, nunca recebem uma visita durante a prisão. Esta população representa aproximadamente 30% do total de mais de 500 mil presos existentes hoje no Brasil.
Como nos dói ver que é, entre esta população, a mais pobre, os casos de pessoas presas inocentes. Presas como suspeitas, ficam esquecidas, abandonadas por anos. Quando julgadas é comprovada a inocência (basta ver os mutirões do CNJ). Anos perdidos. Marcados pela agonia do cárcere. Estigmatizados pelo resto dos seus dias. Vivem uma longa sexta-feira da paixão.
Nossa fé, que nos leva ao encontro com o encarcerado, não permite ficarmos parados com ele na dor sem caminharmos para o Domingo da Ressurreição, para a Páscoa do Senhor. Jesus Cristo nos chama a estarmos com Ele não só na dor, mas na passagem daqui para o Pai; deste mundo para Reino dos Céus, da vida mortal à vida definitiva, da vida terrena à vida celestial, da familiaridade com as tribulações à segurança perpétua, das injustiças deste mundo à justiça do Reino de Deus.
A Páscoa é a certeza que Cristo venceu a última barreira, a morte. Quando caminhamos com Ele não temos o que temer, o que duvidar. Embora possa parecer escuro o horizonte do encarcerado, a Páscoa nos dá a certeza da vitória. Um dia veremos um mundo sem cárceres, onde todos os filhos de Deus serão corrigidos pela Misericórdia do Deus Pai e do amor de Jesus Cristo ressuscitado e não pelo ódio, pela vingança do mundo das trevas em que vivemos. Os mesmos que levaram Jesus a Cruz são os que hoje levam milhares de pessoas inocentes aos túmulos dos cárceres.
Cristo ressuscitou! Cristo está vivo entre nós! A Páscoa traz consigo a mensagem de vida libertada de todas as mortes. Alegremo-nos porque com Cristo ajudamos a tirar dos túmulos os Lázaros de hoje, os presos. Lázaro, vem para fora! Ressuscite com Jesus Cristo!
Aos meus irmãos e irmãs da Pastoral Carcerária, aos presos e presas, aos egressos e egressas os meus votos de uma Páscoa constante em sua vida! Que a alegria do Cristo Ressuscitado seja a nossa luz!



Fraternalmente,



Pe. Valdir João Silveira

Coordenação Nacional da Pastoral Carcerária-CNBB

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